"Quebrar" a Cabeça, Abrir o Coração: Conversando com Crianças!
- Fabi Araujo
- 4 de jan. de 2016
- 3 min de leitura
Uma das coisas mais bonitas que eu vejo na relação do Marcelo com os alunos é como o vínculo afetivo é estabelecido entre eles tão rapidamente. Um dos motivos que fazem com que a aproximação seja tão rápida é que, aqui no LAB, os alunos e o professor estão unidos, logo de início, por essa paixão em comum: Lego!
Esse brinquedo, que também é uma espécie de quebra-cabeça tridimensional, é a ferramenta número um do nosso trabalho e, ao mesmo tempo, o elo que une o professor e os alunos de forma imediata, enquanto estão realizando um trabalho em comum. Isso acaba fazendo das aulas não apenas um momento de aprendizado, mas também um momento de aprofundar amizades, desabafar, bater altos papos e falar sobre sonhos, ideias e experiências pessoais!

Você já observou como as crianças que não se conhecem se aproximam umas das outras em um ambiente relaxado e não dirigido – como num parquinho público, uma festa ou um momento de brincadeiras livres na escola?
Se você prestar atenção, verá que na maioria das vezes as crianças se aproximam fazendo uma rápida apresentação (“oi, como você se chama?”) que é logo seguida por um convite para brincar. Rapidamente, elas estabelecem o vínculo entre si brincando, rindo, trocando ideias e conhecimentos sobre essa ou aquela coisa.
É como se elas estivessem dando as mãos e convidando umas às outras a descobrir e explorar o mundo juntas, ao mesmo tempo em que aprofundam a proximidade emocional e afetiva.
Entre as crianças, a amizade é construída a partir da brincadeira, da atividade, do trabalho realizado junto. É assim que elas se conhecem e aprendem a respeito uma das outras.
Mas há algumas atividades que são propícias para produzir momentos de conversas especiais, onde há momentos de olhar nos olhos, fazer confidências, expor algo de sua intimidade e falar sobre emoções e experiências pessoas. Uma delas, além da montagem de sets Lego, é a montagem de quebra-cabeça!
Montar quebra-cabeça é uma atividade que exige que se permaneça mais concentrado, imóvel e em silêncio. E é exatamente durante atividades assim, com a mente e as mãos ocupadas e fixas num objetivo específico, que o coração e a memória melhor conseguem se abrir.
Mesmo com os adultos, não é assim que acontece? As conversas mais carregadas de emoções afloram quando estamos relaxados na companhia de alguém, em silêncio e realizando juntos alguma atividade manual que exige concentração e foco: pescar, cozinhar, pintar uma parede, tirar as ervas daninhas do jardim, guardar a louça...
É como se assim nossas emoções se sentissem livres para fluir e pudessem ser ouvidas e expressadas mais facilmente.
Muitas mães e pais relatam que é difícil conseguir que seus filhos sentem para conversar sobre algo que aconteceu e que as abalou de alguma forma, ou sobre o que eles estão sentindo, ou para nos ouvir a respeito de algum assunto mais sério... Simplesmente sentar com eles e iniciar um diálogo no qual prestem atenção e nos olhem nos olhos nunca me pareceu nada realista em se tratando da maioria das crianças, mesmo porque os meus filhos dificilmente param quietos!
Ter percebido a importância de haver uma atividade calma mediando nossa conexão emocional com as crianças, nos últimos anos, foi muito importante para conseguir conversar com meu filho mais velho, hoje com 6 anos de idade, sobre determinados assuntos. Ele adora montar quebra-cabeça e eu percebi que os momentos de montar junto com ele quase sempre resultam em conversas muito, muito interessantes!
Se você é pai ou mãe e por algum motivo sente dificuldade em bater um bom papo com as crianças, faça o teste. Deixe sempre à vista uma caixa de quebra-cabeça em casa, que ofereça certo nível de desafio. Num momento de tranquilidade e silêncio, convide seus filhos ou espere o momento em que eles se interessem em montar. Dedique-se à montagem junto com eles e você verá o momento de iniciar uma conversa afetuosa e espontânea se aproximar naturalmente.
Muitas vezes, são as próprias crianças que tomam a iniciativa. É tão natural que chega a assustar a facilidade com que elas se abrem para falar – e ouvir – quando estão tendo essa experiência com a gente. E sempre é bom lembrar: todo aprendizado que acontece com o coração aberto fica gravado na memória para sempre!
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