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Brincando de LEGO® Duplo: como ampliar a experiência das crianças?

  • Fabi Araujo
  • 9 de dez. de 2015
  • 5 min de leitura

Como muitos de vocês sabem, eu e o Marcelo, o professor do nosso LAB, temos dois filhos: o Darion (quase 6 anos) e o Liander (3 anos). Claro que, tendo um pai completamente doido por LEGO®, os meninos brincam com bricks desde bebês.

A LEGO tem uma linha específica para crianças bem pequenas - a linha LEGO Duplo, com peças, bricks, bichinhos e bonequinhos maiores e mais arredondados. Sempre tivemos muitas dessas peças em casa e por isso os meninos puderam explorar muita brincadeira diferente com elas. Tenho que confessar que, antes de começar a trabalhar com LEGO junto com o Marcelo eu não imaginava que um brinquedo pudesse abrir tantas possibilidades de aprendizado para as crianças! Ao mesmo tempo, trabalhando com crianças e LEGO há mais de 7 anos, notamos que muitos pais, cujos filhos e filhas estão brincando com as peças pela primeira vez se apressam a mostrar para elas como fazer o encaixe. E nossa orientação costuma ser deixar que as crianças descubram por si próprias. Mas por que fazemos essa sugestão?

Esse é o Darion, montando uma das suas muitas torres...

Bem, o primeiro contato das crianças pequenas com LEGO Duplo costuma ser de curiosidade: pegar, sentir com as mãos, jogar para o alto, ver que gosto tem rsrsrs...

Logo começa a fase dos testes, da experimentação: através da manipulação, as crianças vão percebendo que aqueles pinos, aquelas formas e aqueles buraquinhos têm uma lógica, uma estrutura que tem uma razão de ser. É como se elas estivessem, naquele momento, se conectando com os criadores do brinquedo e sentindo que existe, de fato, uma inteligência por trás delas. As mãozinhas vão testando as posições e as crianças ficam visivelmente concentradas em descobrir como aquilo funciona.

Este, na minha visão de mãe e também de educadora de artes, é um dos momentos mais importantes do aprendizado. É o momento em que a criança percebe que ali, naquele objeto que ela está vendo e manipulando, tem algum segredo, uma lógica... e se concentra em descobrir o que é.

Acreditamos que esse ponto deve receber a máxima atenção dos educadores e que a postura em geral deve ser a de somente observar. Você já viu uma criança se enfurecendo quando um adulto tenta ajudá-la em alguma coisa que estava tentando fazer e para a qual ela não pediu ajuda? Pois é, meus dois meninos são assim, principalmente o caçula, e tive que levar algumas broncas deles para aprender a segurar esse impulso de "ajudar"...

Quando um adulto vai até uma criança que está tentando descobrir sozinha como funciona alguma coisa muito importante e mostra para ela como faz, ele está tirando dela a própria alegria e satisfação da descoberta de um segredo, de algo valioso. Também está tirando dela a sensação de vitória que vem com essa descoberta, a sensação de autonomia, de ter subido mais um degrau no seu domínio sobre as coisas do mundo e seu entendimento da realidade mais profunda. Todas as crianças pequenas que já vi descobrindo, por si próprias, que aquelas pecinhas coloridas e engraçadas se encaixam, reagiram da mesma forma: arregalando os olhos e sorrindo. É como uma revelação.

O encaixe parece quase uma mágica: ao mesmo tempo que faz com que as peças fiquem presas umas nas outras de forma estranhamente perfeita, parece que um novo mundo se abre na mente... E aí, começam a testar loucamente as peças, como se estivessem se perguntando: "será que todas funcionam do mesmo jeito?".

Mas e depois que elas descobrem como funciona o encaixe? Bem, depois, os meninos aqui passaram a se empenhar muito em descobrir o que era possível construir com aquilo. Construir, criar, testar limites... E começaram a ter ideias, muitas ideias!

Nesse momento os pais e educadores podem ajudar as crianças a ampliar seus horizontes de uma forma mais direta. Eles podem fazer isso montando junto com elas, ajudando a encaixar uma ou outra que esteja oferecendo mais dificuldade, mostrando referências para as construções que eles já estão tentando fazer, através de livros ou outras fontes.

Meu filho mais velho, o Darion, gostava muito de empilhar as peças até o ponto mais alto que conseguia, fazendo torres que chegavam a tocar o teto, com minha ajuda ou a ajuda do pai. Ele também passou por uma fase bastante empenhado em testar simetrias, como na construção da foto abaixo.

Outra coisa que adorava fazer, e faz até hoje, é preencher toda a placa-base com peças. Com o tempo ele foi aprimorando suas "técnicas construtivas" e criando pirâmides, esconderijos, construções megalomaníacas e, para ajudá-lo com isso, apresentamos a ele, por exemplo, livros de pirâmides maias ou egípcias, fotos de obeliscos etc... Já o mais novo, o Liander, tem mostrado até agora uma tendência a se preocupar mais com o design das construções, reproduzindo em LEGO Duplo figuras de personagens que ele vê por aí - Patati Patatá, Mickey, Tartarugas Ninja - ou bichos (pato, dinossauro, pinguim) e outras formas, com atenção especial às cores que escolhe, com muito cuidado. Para ele buscamos desenhos ou fotos dos bichos que ele deseja construir, modelos prontos na Internet, pois ele gosta bastante de reproduzir o modelo e depois fazer suas próprias variações.

O Darion nunca foi de se interessar muito em construir personagens ou coisas mais realistas. A graça dele é ver a construção crescer, tomar o espaço e testar formas construtivas diferentes. Muitas das suas construções, hoje (já trabalhando com as pecinhas menores), parecem cidades futuristas, máquinas malucas, engenhocas surreais com catapultas, serras cortantes no meio, esconderijos...

O Liander, ainda com 3 anos, se interessa muito em reproduzir, com as peças, as formas que ele vê no mundo e, a partir daí, aprimorar essas próprias reproduções e seu design. Ele é uma criança muito interessada em formas e na linguagem simbólica e seu método construtivo parte mais do mundo concreto (nesse vídeo, ele está construindo uma versão da tartaruga ninja em vermelho...).

O Darion é um menino solar, amplo, espacial... ele espalha todas as peças pelo chão, faz a maior bagunça e assim é que sua mente trabalha melhor: no meio do caos. Já o Liander é um menino da lua, doce, sensível, introspectivo e concentrado. Ele separa aquilo que vai usar, junta num canto, dispõe tudo à sua volta como se estivesse preparando uma mesa de trabalho e assim constrói seu mundinho particular.

Cada criança, um mundo à parte!

Por tudo isso, sugerimos aos pais que sempre tenham em mente que o mais importante é não pular etapas, manter sempre a curiosidade e o prazer da auto-descoberta vivas, brincar junto com eles como uma criança grande e, quando for ajudar nos projetos das crianças, ter sempre em mente que o objetivo não é fazer por elas, e sim ampliar ao máximo a experiência com o brinquedo, permitindo que se sintam capazes de criar, construir e inventar com liberdade e autonomia.


 
 
 

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